
EM 2014 juntos formaremos um mundo mais fraterno e humano...
Quanto você vale?
02-05-2013 07:40Continuando nossa reflexão da Campanha da Fraternidade: “Fraternidade e Juventude” essa breve estória pode ajudar todos nós, em especial os jovens, a valorizar-se e a valorizar a vida com seus dons e qualidades pessoais.
Um dia um jovem rapaz desanimado com a vida e com as pessoas, procurou um filósofo para ajudá-lo e disse:
– Venho aqui professor porque me sinto inútil, não tenho ânimo. Dizem que não sirvo para nada, que não faço tarefas bem feitas, que sou lerdo e muito idiota. Como posso melhorar?
O professor, sem olhá-lo, disse:
– Sinto muito, meu jovem, mas não posso ajudá-lo, devo primeiro resolver o meu próprio problema. Talvez depois.
E fazendo uma pausa, falou:
– Se você me ajudasse, eu poderia resolver este problema com mais rapidez e, depois, talvez possa ajudá-lo.
– Claro professor, - gaguejou o jovem- que se sentiu mais uma vez desvalorizado e hesitou em ajudar seu professor.
O professor tirou um anel que usava no dedo pequeno e deu ao jovem e disse:
– Monte meu cavalo e vá até o mercado. Devo vender este anel porque tenho que pagar uma dívida. É preciso que obtenhas no anel o máximo possível, mas não aceite menos que uma moeda de ouro. Vá e volte com a moeda o mais rápido possível.
O jovem pegou o anel e partiu. Mal chegou ao mercado, começou a vender o anel aos mercadores. Eles olhavam com algum interesse, até o momento em que o jovem dizia o quanto pretendia pelo anel. Quando o jovem mencionava uma moeda de ouro, alguns riam, outros saíam sem ao menos olhar para ele, mas só um velhinho foi amável a ponto de explicar que uma moeda de ouro era muito valiosa para comprar aquele anel. Tentando ajudar o jovem, chegaram a oferecer uma moeda de prata e uma xícara de cobre, mas o jovem seguia as instruções de não aceitar menos que uma moeda de ouro e recusava as ofertas.
Depois de oferecer a joia a todos que passaram pelo mercado, abatido pelo fracasso montou no cavalo e voltou.
Entrou na casa e disse:
– Professor, sinto muito, mas é impossível conseguir o que me pediu. Talvez pudesse conseguir duas ou três moedas de prata, mas acho que não se possa enganar ninguém sobre o valor do anel.
– Importante o que você me disse meu jovem, – contestou sorridente o mestre. – Devemos saber primeiro o valor do anel. Volte a montar no cavalo e vá ao joalheiro. Quem melhor para saber o valor exato do anel? Diga que quer vendê-lo e pergunte quanto lhe dá. Mas não importa o quanto lhe ofereça, não o venda. Volte aqui com o meu anel.
O jovem foi até o joalheiro e lhe deu o anel para examinar. O joalheiro examinou-o com uma lupa, pesou-o e disse:
– Diga ao seu professor que, se lhe quiser vender agora, não posso oferecer mais do que 58 moedas de ouro pelo anel.
O jovem surpreso exclamou:
– 58 moedas de ouro!
– Sim, replicou o joalheiro, – eu sei que, com tempo, poderia oferecer cerca de 70 moedas, mas... se a venda é urgente...
O jovem correu emocionado de volta para contar o ocorrido.
O professor, depois de ouvir tudo o que o jovem lhe contou, disse:
– Você é como esse anel, meu rapaz, uma joia valiosa e única e que só pode ser avaliada por pessoas que saibam reconhecer o valor de outras pessoas.
E dizendo isso voltou a colocar o anel no dedo.
Moral da história: todos somos como esta joia, seres únicos e irrepetíveis, temos um valor incalculável, mas acontece que muitas vezes andamos pelo mercado da vida sendo avaliados por pessoas erradas que nos fazem perder a confiança e a crença em nossos próprios talentos.
Se nós não nos valorizamos pelo que somos, acolhendo o dom de Deus que cada um é, quem nos valorizará? Muitas vezes as pessoas perdem de vista a grandeza do dom vida e a alugam por bagatela ou por coisas que nunca vão saciar a sede do seu coração inquieto. Os jovens são sempre os mais suscetíveis e por estarem em busca de afirmação de sua identidade, presa fácil para os vendedores de ilusão. Precisamos ser espertos no sentido de saber ver, escutar, analisar tudo e, depois, fazermos nossas escolhas a partir de projetos e valores que dignificam o ser humano e edificam a família e a comunidade.
Lembro aqui aquele antigo, mas belíssimo canto do Pe. Zezinho: “Um jovem custa muito pouco, um pouco de muito amor!” Parece pouco, mas é tudo o que os jovens esperam: amar e sentir-se amados pelo que são e não simplesmente pelo que poderão ser.
Na vida, podemos escolher entre se deixar levar pelas ondas do momento, pelas modas que trocam constantemente em ritmos sempre mais acelerados ou darmos nosso ritmo aos nossos passos em direção àquilo que acreditamos ser o jeito certo de se viver e conduz a uma vida saudável e feliz.
DOM JAIME PEDRO KOHL
BISPO DIOCESANO DE OSÓRIO
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