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HISTÓRIA- DIOCESE ANGELOPOLITANA
11-02-2012 09:45
UMA DIOCESE QUE NASCE DO VATICANO II
Nas palavras de Dom Aloísio, que constam no livro comemorativo aos 40 anos da Diocese Angelopolitana, "quando aos 12 de junho de 1962, em uma manhã muito fria, com a presença do então Núncio Apostólico, Armando Lombardi, e os bispos do Rio Grande do Sul, era-me entregue a nova Diocese de Santo Ângelo, eu nem sabia o que fazer. Eu nunca tinha sido sequer vigário cooperador, apenas professor de teologia (...) e diretor dos estudantes (...). Foi para mim uma caminhada inicial no escuro. Na época eu nem conhecia Santo Ângelo. Encontrei, porém, um clero jovem e esforçado. Apenas cinco padres eram mais velhos do que eu. Eu tinha 38 anos de idade."
"Quando cheguei, devo dizer que fui muito bem recebido e com muita esperança. A recém criada Diocese de Santo Ângelo recebera a ?nata? da Diocese de Uruguaiana, da qual estava sendo desmembrada em quase sua totalidade. Ela já tinha boa organização. Seminário Menor em Cerro Largo, seminaristas maiores em Viamão. Um laicato muito atuante e presente. Havia fermentos da Ação Católica."
Dom Aloísio continua: "Estávamos na véspera do Vaticano II - era o ano de 1962. Dia 12 de junho, comecei oficialmente o meu ministério episcopal em Santo Ângelo e aos 11 de outubro iniciava o Concílio Ecumênico Vaticano II." Apesar de ele estar envolvido no Concílio, nunca deixou a Diocese à deriva, "durante o Concílio, à medida em que as sessões transcorriam, eu escrevia sempre cartas para a Diocese, a fim de informar sobre a caminhada do Concílio."
"Passado o Concílio, organizamos um pequeno grupo coordenado pelo Mons. Afonso Hammes, sendo integrantes uma religiosa do Amor Divino, a Irmã M. Helenita Ross, e um professor rural, cujo nome não recordo. Preparei esse grupo e eles percorreram toda a Diocese de Santo Ângelo comunicando as idéias fundamentais do Vaticano II."
"Organizaram-se os cristãos leigos com uma coordenação diocesana. Reuniam-se às quintas feiras santas para um dia de reflexão em comum. Foi dada muita atenção à formação, sobretudo à formação catequética. Foram feitas reflexões para cada domingo do mês do ano litúrgico, publicadas no Elo Diocesano, que tinha sido fundado alguns anos antes, a fim de que todas as comunidades da Diocese tivessem como que um só pensamento à base da Palavra de Deus. Houve uma presença muito especial das pessoas consagradas nas comunidades. Houve um esforço inicial de um encontro com outras denominações cristãs. Organizaram-se as visitas pastorais anuais com a finalidade de manter acesa a chama da fé e a ação pastoral de todos na Diocese. Pensou-se na construção de uma Cúria Diocesana. Deu-se maior ênfase às foranias. Apoiou-se a Frente Agrária Gaúcha (FAG) e a organização de sindicatos. Nomeou-se um Conselho Econômico para orientar a administração financeira. Promoveu-se, de modo especial, o Movimento Familiar Cristão (MFC). Houve a preocupação para que as mudanças trazidas pelo Vaticano II não chocassem os fiéis. E marcou-se, desde logo, uma inicial presença nos Meios de Comunicação Social."
Ainda em 1972, foi assumida a Diocese de Marabá - PA, como Igreja Irmã. No ano seguinte, em 27 de maio, Dom Aloísio Lorscheider rumou à Fortaleza, deixando à frente da Diocese Dom Estanislau. Dom Aloísio ainda destaca: "Num certo momento, introduzimos o curso de Filosofia na Diocese de Santo Ângelo (1973), devido a distancia de Viamão, com uma situação pastoral bem diferente da nossa. Funcionando a Filosofia já na Diocese, pensava-se também na Teologia. Ela só pôde ser introduzida mais tarde (1983). Já se havia começado antes a formar pessoas para assumirem a Teologia. Hoje Santo Ângelo está muito bem provida de pessoas no campo teológico."
"Todas essas iniciativas parecem ter dado bons frutos. Olhando atualmente o panorama da Diocese, percebe-se que ela continuou no seu rumo inicial, sem apagar nenhuma mecha que ainda fumegava. Dom Estanislau A. Kreutz, que foi meu sucessor na Diocese, esforçou-se por continuar onde se havia chegado e levou adiante diversas iniciativas que apenas despontavam." Dom Aloísio escreveu essas palavras em 2 de junho de 2002, em Aparecida, SP, e se encontram no Livro Diocese Missioneira de Santo Ângelo: 40 anos de evangelização, publicado pela EDIURI em 2002.
UM JEITO DIFERENTE
Se pensarmos no trabalho pastoral de um padre do período pré-conciliar, ele terá à sua disposição duas ferramentas principais: nas celebrações litúrgicas, seguirá as rubricas dos rituais, e nas decisões pastorais, consultará as normas do direito canônico.
Essa descrição apressada e caricaturada da ação de um agente de pastoral do tempo pré-Vaticano II quer trazer à tona a imagem da Igreja pré-conciliar, quando ela, como um todo, sabia com perfeita clareza quem ela era e como devia agir em relação aos seus membros e em relação ao mundo; e conseguia passar também aos seus agentes o modo como deveriam se postar e agir diante das diferentes circunstâncias. É a Igreja pensada a partir da hierarquia eclesiástica; a partir dela desdobra-se uma visão de Igreja como pirâmide, e tudo se desenvolve num processo descendente, pelo qual vão se derivando poderes e subordinações dos que são mais e dos que são menos na Igreja. Essa pirâmide tem um vértice, o Papa, que não só é o ponto mais alto, como também uma espécie de ponto dinâmico a partir do qual se desdobra toda a pirâmide. Dele vão derivando os outros estamentos, até chegar lá embaixo, nos simples fiéis leigos.
O Concílio coloca-se uma pergunta central: Igreja, que dizes de ti mesma? Certamente os dois documentos fundamentais - Lumem Gentium e Gaudium et Epes - são frutos dessa pergunta. São saudados como a "virada copernicana" na compreensão da Igreja e na maneira de ela se relacionar com o mundo. A nova consciência eclesial provoca uma enorme mudança no modo de agir. Não se têm mais receitas prontas a serem simplesmente aplicadas. Isso tudo exige da Igreja um novo aprendizado: planejar sua ação pastoral.
Sendo a Diocese de Santo Ângelo uma Igreja recém-nascida do Vaticano II, com um bispo jovem, entusiasta, participante do Concílio, certamente encontra várias facilidades nessa direção. Não estando tão amarrada a pesos e tradições passadas, inicia com mais leveza e liberdade sua caminhada nos moldes propostos pelas grandes linhas do Concílio.
Por isso mesmo, talvez seja a primeira Diocese do Brasil a elaborar sistematicamente o seu plano de pastoral de conjunto, publicado a 22 de agosto de 1967 e a vigorar durante o ano de 1968. Na introdução, acentua-se que esse plano de pastoral é o plano da Igreja Particular de Santo Ângelo. E é descrito como fruto final, após várias elaborações, em que participaram padres, religiosos, religiosas, leigos e leigas; discutido por diversas vezes, a fim de que pudesse corresponder à realidade da Diocese e que deverá orientar o apostolado cristão de todos em âmbito diocesano, forânico e paroquial.
Desde o início, Diocese sempre se preocupou com a atuação dos leigos e investiu na sua formação. Dom Aloísio marcou Diocese com uma preocupação pela formação permanente e atualizada do clero e estender aos leigos a oportunidade de formação religiosa e teológica, organizando cursos de formação sobre as idéias fundamentais do Concílio Vaticano II. Preocupou-se com a formação de dirigentes de culto, onde, desde 1969, promoveram-se inúmeros cursos forânicos e paroquiais para preparar dirigentes dos cultos dominicais. Em 1970, iniciaram um Curso de Agentes de Pastoral, visando preparar pessoas para ministros extraordinários da Palavra e Eucaristia e que se mantém até hoje, aperfeiçoando pessoas leigas para o serviço na comunidade.
Essa preocupação com a formação se estendeu em todos os níveis da pastoral, como jovens, na catequese com formação bíblica, nas pastorais sociais, e recentemente a Pastoral da Criança na formação de líderes, etc. Em 1982, foi criado o Instituto Missioneiro de Teologia, destinado basicamente para a formação dos futuros padres, mas desde o início aberto aos leigos. Já em 1990, o IMT criou o curso de Teologia Pastoral destinado especificamente para leigos, e, atualmente, possui uma atuação muito intensa na formação leiga da Diocese Angelopolitana.
FONTE: www.diocesedesantoangelo.org.br
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