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LITURGIA DOMINGO DIA 15 DE JANEIRO
08-01-2012 18:39
PRIMEIRA LEITURA
1Sm 3,3b-10.19
A vocação de Samuel, sacerdote, profeta e juiz marca o fim dos tempos dos juizes e o início do profetismo em Israel. Podemos dizer também que com Samuel inicia-se a monarquia uma vez que foi ele quem sagrou o primeiro rei de Israel, Saul. Ele faz assim a passagem das 12 tribos para a monarquia, embora a contra-gosto, pois tem consciência dos males do regime dos reis.
A vocação de Samuel é luz e força para tantas pessoas chamadas ao compromisso mais sério com as comunidades; outros ainda estão escutando uma espécie de voz na noite escura do discernimento. Estão sentindo os apelos da comunidade e do povo carente, mas ainda não acordaram para o serviço das pastorais. Também Samuel confundiu várias vezes a voz do Senhor. Mas mesmo confuso ele esteve à disposição. Levantou-se três vezes e correu até ao sacerdote Eli, pensando que fosse ele que o tivesse chamado. É claro o chamado de Deus; antes de aparecer nítido na consciência, pode passar pela voz de um servo de Deus e, sobretudo pela obscuridade das carências e apelos do povo sofredor. Samuel nos ensina que vamos entendendo o chamado, exatamente, na disponibilidade e prontidão na resposta. Estando atento e disponível aos apelos de Deus na vida, um dia você vai dizer convicto como Samuel: “Fala, Senhor, teu servo escuta”.
SEGUNDA LEITURA
1Cor 6,13c-15a.17-20
Vamos iniciar com uma pequena orientação para algum leigo que, porventura, esteja tendo os seus primeiros contatos com a Bíblia. Um versículo pode ser dividido em diversas partes, chamamos de “a” a primeira parte, de “b” a segunda parte e de “c” a terceira parte. No texto de hoje vamos ler o capítulo 6o a partir da 3a parte do versículo 13 até à primeira parte do versículo 15 e depois vamos continuar do versículo 17 até o versículo 20.
O assunto é a imoralidade, lembrando a prostituição sagrada através da qual o “fiel” se unia sexualmente às prostitutas sagradas, da deusa protetora da cidade. Para o povo de Corinto, a prostituição era necessidade física, como o comer e o beber. Como para eles o importante era o espírito uma vez que o corpo de nada serve, então bastava cuidar do espírito. Diante disso Paulo lembra:
1) Que a imoralidade não é uma necessidade física como o comer e o beber. Pois, o corpo não é para a impureza, mas para o Senhor, que nos ressuscitará com o “corpo e o espírito”, enquanto os alimentos e o estômago serão destruídos.
2) Nossos corpos são membros do corpo de Cristo. Unir-se a uma prostituta é uma idolatria, pois estaremos sendo um só corpo com ela, no lugar de sermos um só corpo com Cristo. Prostituir-se é deixar-se dominar, escravizar por um outro Senhor.
3) É preciso fugir da impureza, porque nosso corpo tem dono; pertence a Cristo. Cristo nos comprou por um preço muito alto, o preço do seu sangue na cruz (v. 20).
4) Nosso corpo é templo do Espírito Santo que habita em nós.
Em síntese: Praticar a imoralidade atinge tanto o corpo físico (a pessoa), quanto o corpo social (a comunidade), pois quando um membro está sendo infiel, todo o corpo (a comunidade) está sendo levada à prostituição, à idolatria. Todos, portanto, devemos glorificar a Deus nos nossos corpos.
EVANGELHO - Jo 1,35-42
A vocação para seguir Jesus nasce do testemunho. O Primeiro Testemunho é o de João Batista. Com o seu testemunho dois dos seus discípulos deixam o precursor e partem para uma experiência mais profunda de Deus. Entusiasmados, um deles, chamado André, consegue dar testemunho para seu irmão Simão Pedro. No dia seguinte Jesus encontra Filipe e Filipe entusiasmado vai encontrar Natanael. É assim através dos testemunhos e dos encontros profundos que a corrente dos amigos de Jesus vai crescendo com elos de comunhão.
Qual foi o testemunho de João Batista? Ele aponta Jesus para dois dos seus discípulos dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus”. João vê em Jesus a figura do libertador. Ele vê em Jesus o cordeiro pascal de Ex 12; o cordeiro expiatório de Lv 14 e o Servo Sofredor de Is 53. Os discípulos entendem, por isso mudam de mestre. Largam João e seguem Jesus. Jesus pergunta: “O que estão procurando?” Esta pergunta é feita também para nós. Se soubermos responder encontraremos também a vida, como os discípulos encontraram. Eles estão procurando uma experiência nova, uma experiência mística com Jesus. Jesus os convida. Eles aceitam o convite de fazer uma experiência de vida com Jesus. Com Jesus eles vão ver raiar o novo e definitivo dia da libertação total. Conhecer Jesus é viver a hora décima (= 16 horas. O dia termina às 18h00, quando o sol se põe). A hora décima significa, portanto, a véspera do grande dia da libertação. Entusiasmado André dá testemunho do Messias para Simão e o conduz a Jesus. Jesus pede que Simão encontre sua identidade. Para seguir Jesus é preciso abandonar as ideologias dos antigos mestres (“Simão era o filho de João”. Essa expressão pode indicar que Simão era discípulo de João Batista). É preciso que cada um encontre sua verdadeira opção. Jesus diz que Simão será chamado de Cefas que é igual a pedra. Talvez um homem de cabeça dura igual a tantos de nós. Não foi fácil a conversão de Pedro. Sua verdadeira vocação só acontece no final do evangelho (cf. 21,15-29).
Dom Emanuel Messias de Oliveira-Bispo Diocesano de Caratinga
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"O QUE ESTAIS PROCURANDO?"
A vida é marcada por muitos encontros, conseqüência de uma procura, um dos mais belos é quando alguém encontra o grande amor de sua vida! Há um momento solene e inesquecível na celebração de um casamento na igreja, é quando após a entrada da noiva, o noivo vai acolhê-la ainda no corredor, há muitos que vêem aquele momento como a uma despedida do pai que entrega filha para o futuro genro. No fundo é isso mesmo, porque aquele encontro é diferente de todos os demais que já tiveram, pois mesmo o primeiro encontro que é tão emocionante para muitos, não tem o significado deste, realizado aos pés do altar. Por quê?
Porque se trata de um encontro definitivo, para sempre, por toda a vida, vão formar uma nova família, vão ser uma só carne, vão morar sob um mesmo teto. Não haverá mais, ou pelo menos, não é para haver, nenhuma separação, até que a morte os separe – afirma categoricamente o rito do casamento. O encontro que fazemos com Deus em nossa vida, através da experiência com Jesus, tem e precisa ser algo definitivo, como uma aliança de casamento, precisamos consentir que Jesus entre em nossa vida e ali permaneça, mas para isso é preciso que entremos na vida nova que ele nos oferece e ali permaneçamos. Talvez por isso o verbo permanecer é tão repetido no evangelho de João.
O amor autentico e verdadeiro não se contenta com encontros casuais, que não geram compromisso de vida, os encontros do namoro e do noivado, embora importantes, nunca são definitivos, quem já não viu noivos que desistiram do casamento uma semana antes da cerimônia? Não há vínculo em tais encontros, embora sejam eles muito importantes porque exercitam o coração para a busca do verdadeiro amor que só será possível na comunhão de vida.
Às vezes muitos cristãos vivem esse relacionamento com Jesus, se dizem apaixonados por ele, encantados com a sua pessoa, com suas palavras, com seu corpo e sangue, mas a vida de fé se resume em encontros ocasionais com o Senhor, sem muito compromisso de vida, em uma assembléia é difícil encontrar alguém que não se sinta fortemente atraído por Jesus Cristo, mas ao deixarem a igreja templo e voltarem para suas casas, seu trabalho, seu estudo, será que permanecem fiéis a este amor, ou vivem procurando encontros fortuitos com outros amantes?
A este respeito recordo-me dos encontros jovens do meu tempo, que eram denominados “Encontro com Cristo”, sempre muito comovedor onde a moçada se derretia em lágrimas nas reflexões, que eram muito profundas, mas depois... Ficava só nisso, amava-se o Cristo, mas não se amava a sua igreja, a família, os amigos, a esposa, os filhos, um amor que não gera compromisso de vida não pode se dizer que é verdadeiro.
João Batista encontrou este amor que requer desprendimento, que nunca nos leva a nós, mas aos outros, por isso aponta a dois de seus discípulos aquele que é o “cordeiro de Deus”, isso é, o amor capaz de imolar-se pelo bem do homem. Os discípulos passam a seguir Jesus, pois o que procuravam não encontraram em João, mas agora a procura terminou. Querem saber onde Jesus mora, porque desejam com ele uma relação mais íntima e forte, o que sentem não é um entusiasmo passageiro, mas algo que é para sempre. Por isso vão e passam a morar com o Senhor. Nessa casa do Senhor, que é o nosso coração, Jesus não pode ser um simples inquilino ou visitante, ele terá que ser o dono da nossa vida, porque sem ele o nosso coração não passa de uma casa vazia e abandonada.
Quando se está comprometido com o Senhor, tudo o que é nosso torna-se dele, e tudo o que é dele, torna-se nosso.suas palavras, seus ensinamentos, seu evangelho passa a ser as diretrizes de nossa vida. Daí o nosso testemunho coerente, que manifesta a alegria de quem encontrou o verdadeiro amor, é contagiante como o de André, que conduz Simão até Jesus.
E Simão se torna Pedra, rocha firme capaz de abrigar e acolher o novo povo que está surgindo, povo da nova aliança, prefiguração da nova humanidade que terminou sua procura ao encontrar-se com Jesus. Assim como esses primeiros discípulos, a Igreja nada mais busca ou procura, mas apenas anuncia o Cristo, Messias, salvador e libertador do homem, único capaz de tirar o seu pecado e revesti-lo da sua graça operante e santificante.
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