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Liturgia 14º Domingo do Tempo Comum- 8 de julho de 2012

02-07-2012 13:12

Depois de termos celebrado a Festa de São Pedro e São Paulo, celebramos neste domingo o ministério de Cristo entre seus parentes e amigos. Porém, devido à familiaridade da parentela e proximidade dos que se conhecem desde pequenos, muitos tiveram dificuldade de aceitar Jesus como Messias e, por isso, ele não pode realizar em Nazaré as obras de salvação, já que "um profeta não é valorizado em sua casa". ao contrário deles, façamos nosso ato de fé incondicional, proclamando Jesus como Deus e Salvador, e vivamos essa verdade em nossas atitudes, assumindo também a missão de levar a todos o conhecimento da fé que nos congrega na Eucaristia.

Aleluia, aleluia, aleluia.
O Espírito do Senhor sobre mim fez a sua unção; enviou-me aos empobrecidos a fazer feliz proclamação (Lc 4,18).


EVANGELHO (Marcos 6,1-6)

6 1 Depois, ele partiu dali e foi para a sua pátria, seguido de seus discípulos. 2 Quando chegou o dia de sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos o ouviam e, tomados de admiração, diziam: "Donde lhe vem isso? Que sabedoria é essa que lhe foi dada, e como se operam por suas mãos tão grandes milagres?
3 Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs?" E ficaram perplexos a seu respeito.
4 Mas Jesus disse-lhes: "Um profeta só é desprezado na sua pátria, entre os seus parentes e na sua própria casa".
5 Não pôde fazer ali milagre algum. Curou apenas alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos.
6 Admirava-se ele da desconfiança deles. E ensinando, percorria as aldeias circunvizinhas.

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A difícil missão do profeta
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Esta narrativa de Marcos tem como núcleo a proclamação de Jesus: "Um profeta só não é valorizado na sua própria terra". É a sua rejeição pelos frequentadores da sinagoga e por seus familiares. É uma ruptura com as tradicionais estruturas sociorreligiosas de parentesco do judaísmo, que se afirma como povo eleito a partir dos vínculos carnais de consanguinidade, comprovados por genealogias. Já João Batista em sua pregação advertia: "Produzi fruto de arrependimento e não penseis que basta dizer: 'Temos por pai Abraão'". Com Jesus a família fica caracterizada pela união em torno do cumprimento da vontade do Pai.

No evangelho de Marcos, esta é a terceira e última vez que Jesus vai a uma sinagoga, cada vez tendo ocorrido um conflito com os chefes religiosos. Jesus exerce seu ministério na Galileia e territórios gentílicos vizinhos, tendo a "casa" como centro de irradiação da missão.

Percebe-se, bem, como os evangelhos deixam transparecer a dificuldade que os discípulos, e os demais que conviveram com Jesus, tiveram em compreender sua identidade. Quem é Jesus? Durante cerca de trinta anos Jesus viveu com sua família, na Galileia, sem nada excepcional que chamasse a atenção sobre sua pessoa. É o Filho de Deus presente no mundo, em comunicação com as pessoas, certamente de maneira humilde, digna e com amor. É a condição humana, na simplicidade do dia a dia, que é valorizada pelo Pai, o qual, em tudo que nela há de bom, justo e verdadeiro, a assume no seu amor e na sua vida eterna. Após ser batizado por João, Jesus durante cerca de três anos passa a revelar ao mundo este projeto vivificante do Pai. É o Reino de Deus presente entre nós.

Ao fazer, com sabedoria, o seu anúncio profético do Reino, seus conterrâneos se admiravam, mas não o valorizaram, pois sempre o conheceram na sua simplicidade de carpinteiro, filho de Maria. Esta reação do povo indica que Jesus não tinha nenhuma origem davídica, pelo que, se fosse o caso, seria exaltado por todos.

O judaísmo tinha uma expectativa messiânica segundo a qual um dia viria um líder que, com carismas especiais, conduziria a nação judaica e a elevaria a um status de glória, riqueza e poder acima das demais nações. Era um ungido (messias, do hebraico; cristo, do grego) à semelhança de Davi, ungido rei, que, segundo a exaltação da tradição, teria criado um glorioso império, o que foi incorporado na memória do povo. Ao longo do ministério de Jesus, os seus discípulos de origem do judaísmo começaram a ver nele este messias poderoso. Esta falta de compreensão foi frequentemente censurada por Jesus.

O crer em Jesus é ver, na sua humildade e em seus atos de amor, a presença de Deus, cumprindo a vontade do Pai de comunicar a vida aos empobrecidos e marginalizados, os quais são assumidos como filhos, em Jesus. O verdadeiro ato de fé é ver Deus, despido de poder, vivendo entre nós, humildemente, na plenitude do amor.

Paulo testemunha que a missão é feita com humildade e não com atos de poder (segunda leitura). Foi, também, na simples condição da fragilidade humana, como "filho do homem", que Ezequiel foi enviado a profetizar a um povo rebelde (primeira leitura).

 

 

 

 

 

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