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Evangelho: Mt. 21,28-32
21-09-2011 08:53O HOMEM QUE DIZ: SOU, NÃO É.
No domingo passado, a liturgia nos levou a refletir sobre o ciúme, e a revolta contra a justiça de Deus por ela não ser igual à nossa justiça. As leituras deste domingo nos leva a cair na realidade de que nem sempre aqueles ou aquelas que sem mostram ou se apresentam como santos, podem se comportar de modo diferente na vida prática ou real.
Às vezes ficamos muito decepcionados quando nos aproximamos de um desses santos aparentes, e somos mal recebidos, ou não temos a atenção que esperávamos. Isto porque se espera muito daqueles que falam de amor, justiça, santidade, etc.
Muitas vezes, pela própria correria da vida que eles levam, com tantos compromissos, e uma agenda cheia para cumprir, os faz nos receber mal, e com isso ficamos decepcionados. Mesmo sendo cristãos atuantes e conscientes de que devemos ser compreensivos, achamos que pelos menos uns minutinhos poderiam ser reservados para nos receber. São coisas da vida.
O Evangelho de hoje nos ensina que o homem que diz: Sou, não é. O filho que disse que ia trabalhar na vinha, não foi. Na realidade, o que disse que não iria, acabou indo. Nós também fazemos igualzinho. Aqueles que rezam, até batem no peito, prometem ser fiéis, quando saem do templo e encontram um irmão pedindo uma ajuda, pedindo desculpas ou coisa parecida, acabam se esquecendo de tudo o que prometeu a Deus horas atrás. Já outros que não prometeram nada, que não garantiram nada, ou que mesmo disseram não ter tempo de ir à Igreja, acabam agindo de forma inesperada, fazendo a vontade do Pai.
Eu posso até ser um cristão visualmente correto, isto é, todos dentro do templo me vêem como um santo. Participo de tudo, comungando, rezando bastante, ajoelhando, e tudo mais. Perante a todos eu me apresento como aquele filho que prometeu ao Pai que iria trabalhar na vinha mas na prática não foi. Diante de Deus e de todos, e disse sim, porém na vida prática, fora do perímetro do templo, ou paroquial, na hora do “vamos ver” do dia a dia, eu “sarto de banda”, eu digo não.
Parábola (baseada em fatos reais): Ele era um piedoso e santo homem aos olhos de todos. Cuidava do altar, e na liturgia era tido por todos como o “santo” pois ele sabia de tudo. E no fundo gostava muito disso. Dizia sempre: para com isso, quando o chamavam de “santo homem”, mas percebia-se que ele se julgava como tal.
Certo dia estando ele no ponto do ônibus, um carro bateu em outro e um deles subiu na calçada e atropelou uma moça grávida que estava no meio fio olhando se era o seu ônibus que vinha vindo. Você não vai acreditar! O Santo homem não fez absolutamente nada diante daquilo tudo. Pelo contrário, ainda murmurou criticando a moça por estar quase no meio da rua... Ia passando um homem que nem sempre aparecia na missa, nem tampouco era visto rezando diariamente. Foi ele quem socorreu aquela mulher grávida caída no chão.
Que lhe parece? Essa história é parecida com a parábola do bom samaritano. Não é?
Muitas vezes de quem se espera muito, não se obtêm nada! E de quem nunca imaginamos ou esperamos uma atitude de humanidade ou de caridade, é que acontece.
Então, caríssimos! O que devemos fazer? Botar o dedo na ferida? Levantar o problema é muito fácil. Difícil é apresentar medidas corretivas ou soluções, para a nossa conduta de cristão “meia boca” desacompanhada da devida caridade.
A solução está na carta de Paulo a qual deve ser copiada e colocada na nossa mesa de trabalho para que a leiamos todos os dias antes mesmo de começarmos qualquer tarefa.
Nesta carta aos Filipenses, o inspiradíssimo Paulo nos mostra que a nossa alegria será completa se permanecermos ligados aos ensinamentos de Cristo, praticando-os, sendo imitadores do Filho de Deus. Vivendo o Evangelho unidos no mesmo amor, em harmonia, procurando sempre a unidade e nunca a discórdia entre nós. Não devemos fazer as coisas por vanglória, mas por amor ao próximo e com humildade. Nunca nos mostrando melhores que os outros, pelo contrário, julgando, cada um que o outro é mais importante. E na verdade o é. Pois a nossa salvação depende do nosso relacionamento do ele. Ele é, pois., muito importante para o futuro da nossa alma. Portanto, não sejamos egoístas, não cuidemos somente do que é nosso, mas também dos interesses do outro. Pois amar é doar-se. É sair de nós para nos dedicarmos aos outros, começando pelo perdão e pela compreensão das suas necessidades.
Fazendo isso estamos não só imitando aquele que deu sua vida por nós, mas também estamos garantindo a vida eterna. Amém.
“Nem todo aquele que me diz ‘Senhor! Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas só aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus”
1ª leitura: Ez 18,25-28
O capítulo 18 do profeta Ezequiel traz uma concepção nova de responsabilidade. Para o povo que só pensava na responsabilidade coletiva, ele vai insistindo sobre a responsabilidade individual. O povo no exílio começa a pensar que está pagando pelos pecados dos seus antepassados. Aliás, isto é um pensamento comum. O exílio é visto como consequência das infidelidades à Aliança, infidelidade dos seus pais, mas eles também cometem pecados e injustiças e agora estão acusando a Deus dizendo: “A conduta do Senhor não é correta!”. E é aqui que começa o nosso texto num forte acento sobre a responsabilidade individual. Eles não entendem a justiça de Deus e dizem que Deus está agindo errado, cobrando dos filhos a culpa dos pais. Deus, então, convida o povo a um exame de consciência sério e profundo, pois é a conduta deles que não é correta. Deus nunca quer a morte do pecador, mas que ele se converta e viva. Quem comete iniquidades morre em consequência de seus próprios erros. Não é Deus que manda a morte diretamente. Quando um ímpio, um pecador se arrepende de seus erros e começa a ter conduta reta, ele conserva a sua vida. Cada um é, portanto, responsável pelos seus próprios atos. A conduta de Deus é sempre correta, pois ele quer a vida e generosamente dá o perdão para aqueles que se arrependem. O importante, então, é que cada um se arrependa de todos os seus crimes e erros e a vida sorrirá para ele.
2ª leitura: Fl. 2,1-11
Este trecho leva a comunidade a um exame de consciência. Os versos iniciais são um apelo ao que há de mais sagrado. Paulo é delicado ao chamar a atenção de sua comunidade. “Conforto em Cristo”, “consolação no amor”, “comunhão no espírito”, ternura e compaixão”, são expressões que revelam o apelo ao que há de mais sagrado, apelo feito por quem se sente profundamente unido à sua comunidade com laços de verdadeira ternura. Toda a carta é uma demonstração de afeto e de alegria. Mas o apóstolo gostaria que sua alegria fosse completa. E o que falta para isso? As exortações do apóstolo revelam o que está faltando na comunidade. Está faltando comunhão de vida, de sentimentos, de amor. O coração da comunidade está dividido. Está havendo competições, rivalidades, vanglórias, está faltando a humildade; alguns estão se achando superiores aos outros e se atolando no orgulho e no egoísmo, cuidando apenas do que é seu. A comunidade está bem distante dos sentimentos de Cristo, que se despojou totalmente, se humilhou ao extremo e se entregou por nós. Paulo arremata suas exortações com este pedido: “Tenham os mesmos sentimentos de Cristo Jesus”.
Evangelho: Mt. 21,28-32
Antes de comentarmos a parábola dos dois filhos, precisamos fazer duas perguntas. Onde Jesus está? O capítulo 21 nos mostra Jesus no Templo. O Templo simbolizava a sede dos donos do poder político, econômico e ideológico do tempo de Jesus. É ali que vão surgir os conflitos que levarão Jesus à morte. Mas Jesus não teme. Pelo contrário, ele provoca o confronto e desmantela os mecanismos das estruturas injustas. A quem Jesus se dirige? Jesus conta a parábola exatamente para os responsáveis, para os senhores do Templo: sumos-sacerdotes e anciãos do povo. Os primeiros representam o poder religioso-ideológico. Como é a parábola? É o pai pedindo aos dois filhos que fossem trabalhar na sua vinha. O mais velho respondeu que não quer, mas depois arrependeu e foi. O mais novo respondeu cordialmente que ia, mas não foi.
Jesus pergunta então aos sumo-sacerdotes e aos anciãos, qual dos dois fez a vontade do pai. A resposta vem logo: “O filho mais velho”. Quem é o filho mais velho? São os cobradores de impostos e as prostitutas que primeiro disseram não, mas depois se arrependeram e aceitaram o testemunho de João. Cobradores de impostos e as prostitutas representam todos aqueles que as elites marginalizaram e excluíram claramente do Reino de Deus. Quem é o filho mais novo? O filho mais novo são os donos do poder, são os membros do sinédrio, é a elite de Israel, que aparentemente disse sim a Deus, mas cujo sim ficou apenas nas palavras. São os que dizem, mas não fazem. São os que se dizem defensores da religião e em nome de Deus oprimem, marginalizam e excluem o povo de sua participação no Reino. Jesus afirma claramente que os marginalizados entrarão antes deles no Reino do Céu. Esta expressão “entrarão antes” não significa que vai chegar a vez deles, mas é um modo típico na mentalidade hebraica de afirmar a exclusão. Numa palavra, eles não entrarão no Reino dos Céus, pois “nem todo aquele que me diz ‘Senhor! Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas só aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus”( Mt. 7,21).—————