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7º Domingo comum- A SALVAÇÃO DA CURA E DO PERDÃO- Mc 2, 1-12

15-02-2012 10:29

 


EVANGELHO (Mc 2,1-12)

Através de Jesus, Deus derrama sobre a humanidade sofredora e prisioneira do pecado a sua misericórdia. Ao homem resta acolher o dom de Deus, ir ao encontro de Jesus e aderir a sua proposta.

Alguns dias depois, Jesus entrou de novo em Cafarnaum. Logo se espalhou a notícia de que ele estava em casa. E reuniram-se ali tantas pessoas, que já não havia lugar, nem mesmo diante da porta. E Jesus anunciava-lhes a Palavra. Trouxeram-lhe, então, um paralítico, carregado por quatro homens. Mas não conseguindo chegar até Jesus, por causa da multidão, abriram então o teto, bem em cima do lugar onde ele se encontrava. Por essa abertura desceram a cama em que o paralítico estava deitado. Quando viu a fé daqueles homens, Jesus disse ao paralítico: "Filho, os teus pecados estão perdoados". Ora, alguns mestres da Lei, que estavam ali sentados, refletiam em seus corações: "Como este homem pode falar assim? Ele está blasfemando: ninguém pode perdoar pecados, a não ser Deus". Jesus percebeu logo o que eles estavam pensando no seu íntimo, e disse: "Por que pensais assim em vossos corações? O que é mais fácil: dizer ao paralítico: 'Os teus pecados estão perdoados', ou dizer: 'Levanta-te, pega a tua cama e anda'? Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem, na terra, poder de perdoar pecados, - disse ele ao paralítico: - eu te ordeno: levanta-te, pega tua cama, e vai para tua casa!". O paralítico então se levantou e, carregando a sua cama, saiu diante de todos. E ficaram todos admirados e louvaram a Deus, dizendo: "Nunca vimos uma coisa assim".
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Somos escolhidos
 
        Prezados irmãos. Paulo hoje nos diz que Deus também nos ungiu, derramando o Espírito Santo sobre nós. Nós que somos escolhidos para pregar o  Evangelho para o mundo. Portanto, não sejamos exibidos, porém, não sejamos tímidos. Com o coração contrito e com a devida humildade, nos apresentemos diante das pessoas, seja na Igreja, seja na catequese ou onde for possível, para anunciar Cristo aos nossos irmãos. E devemos fazer isso com decisão, coragem, e com a certeza de que somos escolhidos de Deus para essa santa tarefa.
            Então Jesus disse àquele paralítico. “Filho, os teus pecados estão perdoados”. Jesus disse uma frase que nenhum daqueles presentes esperava ouvir. O paralítico esperava ouvir algo do tipo: Seja curado... os demais, amontoados e espremidos ali para ver e ouvir o Filho do Homem, com certeza era a última coisa que esperavam ouvir.
Apesar de que na maneira de interpretar a Lei os judeus acreditavam que a doença era causada pelos pecados da pessoa, todos esperavam ouvir palavras de consolo e de cura. Mas Jesus pronunciou aquelas palavras para provocar os mestres da Lei que estavam ali sentados. E não deu outra. Eles murmuraram em suas mentes, sem pronunciar palavra alguma, dizendo:” Como este homem pode falar assim? Ele está blasfemando: ninguém pode perdoar pecado senão Deus”.
No Evangelho de hoje, portanto, temos três provas da divindade de Cristo. Ele perdoa os pecados do paralítico, Ele advinha os pensamentos dos mestres da Lei, e finalmente Jesus cura aquele pobre homem, libertando-o da paralisia de nascença, deixando-o tão feliz e contente que saiu dando pulos de alegria, de forma que nem se lembrou de agradecer ao autor daquele grande milagre.
Vocês eu também somos assim. Por vezes, nos esquecemos de agradecer no final do dia, por tantas graças recebidas. Tem gente que diz: Que graça? Nada de especial aconteceu! Nem mesmo ganhei na Mega Sena, nem fui promovido nem tive o meu salário aumentado... no dia de hoje tudo não passou de mera rotina...
Pois é aí que nos enganamos, é assim que  somos ingratos para com Deus. Porque durante o dia todo Deus nos preservou a vida, cuidou de cada momento de nossa existência, de forma que até os sofrimentos que experimentamos, foram para a nossa santificação, e para caíssemos na realidade e corrigíssemos os nossos passos errados, como por exemplo, não beber demais, não comer tanta gordura, etc. Por isso, no final do dia, não nos esqueçamos de agradecer tudo, oferecendo os sofrimentos em perdão dos nossos muitos pecados. Por agradecer tudo, podemos incluir o fato de não ter sido assaltados, de não ter sofrido acidentes, de não ter nos desentendido ou entrado em atrito com nenhuma pessoa, entre outras coisinhas simples que no conjunto, completou o nosso dia.

        Porém, é bom lembrar que não devemos ser egoístas em nossas orações, pois existe muita gente sofrendo em nossa volta, em outros lugares e em todo o mundo. Rezemos pois por nós e pelos nossos irmãos. 

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 "NOSSOS PARALÍTICOS..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Certa ocasião, quando refletíamos esse evangelho em grupo, alguém perguntou se na casa onde Jesus estava pregando, havia elevador ou coisa parecida, se olharmos o relato em si mesmo, vamos acabar fazendo outras perguntas como, "Será que eles não podiam pedir licença para passar no meio das pessoas e entrar na casa?" e mais ainda... Seria normal que as pessoas que estavam aglomeradas á entrada, quando vissem o esforço dos quatro homens, subindo na parede com o paralítico deitado em uma cama, oferecessem ajuda, buscando uma alternativa mais fácil...

O próprio Jesus, não poderia ter dado um jeito de sair para atender o paralítico, sem precisar tanto esforço de subir e ainda ter de abrir um buraco no telhado? Fazer perguntas como essas, é muito importante para a nossa reflexão, pois vamos e convenhamos, o modo que eles encontraram para colocar o paralítico á frente de Jesus, não foi o mais fácil, aliás, correu-se até o risco de um grave acidente.

Hoje em dia a gente sabe que nossos templos existentes, ou os que estão em construção, devem ter em seu projeto, a construção de rampas, para facilitar o acesso de nossos irmãos deficientes. Mas com certeza, não é este o tema do evangelista, ele está querendo dizer alguma coisa as suas comunidades e aos cristãos do nosso tempo.

Dia desses, alguém bastante estressado dizia-me que certas pessoas só atrapalham a vida da comunidade, porque são muito radicais, geniosas, incomodam a todos, e o tempo todo eles só arranjam encrencas e mais encrencas, concluindo, dão muito trabalho, são sempre do contra, enfim, chatas e duras de engolir, e que sem elas, a comunidade é uma maravilha, o conselho deveria tomar providência, ou quem sabe, o padre impor a sua autoridade.

Pessoas com essas características não caminham, e ainda dificultam a vida de quem quer caminhar: pronto, já começamos a descobrir os paralíticos e paralíticas de nossas comunidades, irmãos e irmãs que não se emendam de seus defeitos, nunca mudam o seu jeito de ser, não se convertem e precisam portanto, ser acolhidas e carregadas. Há irmãos na comunidade que a gente tem prazer de encontrar, é sempre uma alegria imensa, mas há também esses, que nos perturbam, incomodam, e a gente não fica a vontade, se estão conosco em uma reunião da pastoral ou do movimento, a troca de "farpas" será inevitável...

Há no texto duas coisas que chamam a nossa atenção, primeiro o esforço desse quarteto, subir pela parede, desfazer o telhado e descer a cama com cordas. Jesus elogia-lhes a fé, parece até que fez o milagre como retribuição a tanto esforço. Eles tinham fé em Jesus Cristo, sabiam que se o levassem diante dele, seria curado, mas por outro lado, embora o texto não cite isso, a gente percebe que o amavam muito, tiveram com ele muita paciência, sei lá quantos quilômetros tiveram que andar, carregando aquela cama que deveria ser pesada, e ainda, ao deparar com a multidão aglomerada á frente da casa, poderiam ter desistido, já tinham feito a sua parte. Mas a força do amor e da fé, fez com que não desistissem, e se preciso fosse, seriam capazes de derrubar a casa.

Os quatro são uma referência para as nossas comunidades, onde muitas vezes falta-nos o amor e a fé, para carregar nossos paralíticos e superar os obstáculos, passando por cima dos preconceitos. Nas comunidades há pessoas amorosas, pacienciosas, que aceitam conviver com todos, amando-os como eles são, sem exigências, preconceitos ou radicalismo, mas há também a turma de "nariz empinado", como aqueles doutores da lei, que não crê em um Deus que é misericórdia, e que perdoa pecados, seguem normas e preceitos, até trabalham na comunidade, mas são extremamente exigentes com os "paralíticos", acham-se perfeitos e não aceitam a convivência com os imperfeitos.

Jesus elimina o problema pela raiz, "Filho, teus pecados te são perdoados...", a cura física vem em segundo plano, e se a enfermidade impede que o paralítico se aproxime de Jesus, a comunidade os carrega, possibilitando que ele também faça a experiência do Deus que perdoa, ora, se houver na comunidade intolerância, preconceitos, e ranços ocultos, como é que essas pessoas poderão experimentar o amor, o perdão e a misericórdia? Os intolerantes têm sempre um olhar extremamente crítico e severo, para com os paralíticos, e não aceitam que outras pessoas tenham por eles amor e ternura, manifestada na paciência e tolerância.

Por isso Jesus ordena – levanta-te, toma o teu leito e vai para casa. Deus nunca faz as coisas pela metade, na obra da salvação, Jesus não fez simplesmente uma reforma no ser humano, mas o transforma em uma nova criatura, na graça santificante do Batismo, fazendo com que deixe de se relacionar com Deus na religião normativa, porque crê no Deus que é todo amor e misericórdia, que perdoa pecados e os liberta com a sua santa palavra, em Jesus de Nazaré.

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