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3º Domingo do Advento — "Alegrai-vos sempre no Senhor, pois Ele está perto!" __
12-12-2012 23:11O tema deste 3º Domingo pode girar à volta da pergunta: "e nós, que devemos fazer?" Preparar o "caminho" por onde o Senhor vem significa questionar os nossos limites, o nosso egoísmo e comodismo e operar uma verdadeira transformação da nossa vida no sentido de Deus. O Evangelho sugere três aspectos onde essa transformação é necessária: é preciso sair do nosso egoísmo e aprender a partilhar; é preciso quebrar os esquemas de exploração e de imoralidade e proceder com justiça; é preciso renunciar à violência e à prepotência e respeitar absolutamente a dignidade dos nossos irmãos. O Evangelho avisa-nos, ainda, que o cristão é "batizado no Espírito", recebe de Deus vida nova e tem de viver de acordo com essa dinâmica. A primeira leitura sugere que, no início, no meio e no fim desse "caminho de conversão", espera-nos o Deus que nos ama. O seu amor não só perdoa as nossas faltas, mas provoca a conversão, transforma-nos e renova-nos. Daí o convite à alegria: Deus está no meio de nós, ama-nos e, apesar de tudo, insiste em fazer caminho conosco. A segunda leitura insiste nas atitudes corretas que devem marcar a vida de todos os que querem acolher o Senhor: alegria, bondade, oração.
O Espírito do Senhor sobre mim fez a sua unção; enviou-me aos empobrecidos a fazer feliz proclamação! (Is 61,1)
EVANGELHO (Lucas 3,10-18)
3 10 A multidão perguntava a João: "Que devemos fazer?"
11 Ele respondia: "Quem tem duas túnicas dê uma ao que não tem; e quem tem o que comer, faça o mesmo".
12 Também publicanos vieram para ser batizados, e perguntaram-lhe: "Mestre, que devemos fazer?"
13 Ele lhes respondeu: "Não exijais mais do que vos foi ordenado".
14 Do mesmo modo, os soldados lhe perguntavam: "E nós, que devemos fazer?" Respondeu-lhes: "Não pratiqueis violência nem defraudeis a ninguém, e contentai-vos com o vosso soldo".
15 Ora, como o povo estivesse na expectativa, e como todos perguntassem em seus corações se talvez João fosse o Cristo,
16 ele tomou a palavra, dizendo a todos: "Eu vos batizo na água, mas eis que vem outro mais poderoso do que eu, a quem não sou digno de lhe desatar a correia das sandálias; ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo.
17 Ele tem a pá na mão e limpará a sua eira, e recolherá o trigo ao seu celeiro, mas queimará as palhas num fogo inextinguível".
18 É assim que ele anunciava ao povo a boa nova, e dirigia-lhe ainda muitas outras exortações.
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O SENHOR ESTÁ PRÓXIMO, ALEGRAI-VOS!
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Alegria parece ser a palavra de ordem na liturgia desse terceiro domingo do advento, sentimento que o profeta Sofonias passa a seus conterrâneos, em um tempo em que não havia motivos para o povo se alegrar, porque a devassidão moral andava a solta. A Boa Nova do Profeta não é dirigida aos poderosos, mas ao povo simples da terra, um pequeno resto que irá sobrar, após tantas tragédias que estavam porvir sobre a nação.
A gente olha para a realidade que nos cerca e percebe que, de fato não há muito com o que se alegrar, pois a violência de todo tipo continua a avançar, dando-se a impressão de que nunca se acabará, entre os nossos governantes e legisladores a ética vai cada vez mais perdendo o seu espaço, corrupção e mentiras, falcatruas e impunidades, desigualdade social, carência na Educação, Saúde, agressão ao meio ambiente, em meio a tanto caos, o convite de São Paulo aos Filipenses “Alegrai-vos sempre no Senhor,eu repito, alegrai-vos!”... Parece não fazer sentido, alegrar-se com um Senhor, que não se importa com tantos males presentes na humanidade?
Pensar em um cristianismo mágico, que nos anestesia contra todos os males do mundo, fazendo-nos viver alienados das realidades humanas, a espera do tal “Dia do Senhor” anunciado pelo Profeta, parece que esse modo de pensar, ganha cada vez mais simpatizantes. Não importa essa vida, o que vale é a outra que ainda virá. Quem pensa assim, com certeza não vive, mas vegeta, uma vez que não encontra nenhum sentido naquilo que pensa ou faz, até a própria existência nada significa.
Somos hoje aquele povo de ontem, sonhando com melhorias na qualidade de vida, lutando para não perder o ânimo e a esperança, apesar de tudo... Acreditando que algo precisa ser mudado urgentemente, mas sempre se sentindo impotente diante desse grande desafio de mudar para melhor. João Batista anuncia algo novo que está para acontecer que irá estabelecer uma nova ordem política, social, econômica e até religiosa: está no meio do povo certo alguém, que fará a diferença, todos os que sonham com dias melhores, e que desejam mudar e reverter esse quadro deverão unir-se a Ele, o grande esperado, o Messias verdadeiramente.
Ora, um anúncio impactante como esse, provoca nas pessoas uma grande expectativa: o que devemos fazer? Será que está ao nosso alcance tomar uma atitude que signifique uma mudança? “Coitadinho de mim, como é que posso fazer algo que mude a política ou a economia, que possa melhorar á vida das pessoas, o que me compete fazer para mudar as coisas, inclusive na comunidade, pastoral ou movimento?
Por aquele tempo pensava-se que somente o tal do Messias, que estava para chegar, é que tinha poderes para operar as mudanças necessárias e desejadas pelo povo, em nossos tempos poderá também haver cristãos desinformados, que pensam dessa maneira. Entretanto o evangelho de hoje, eu até diria, de modo espetacular, anuncia que Deus vai intervir na história da humanidade, o Messias não vai vir para resolver todos os problemas do povo de Israel, melhor do que isso , ele virá para permanecer e caminhar com o seu povo, animando,encorajando, alimentando, essa Jerusalém desprezível aos olhos do mundo, formada por todos os homens de boa vontade, que percorrem sem medo o caminho do discipulado, é fraca apenas na aparência, porque no meio do seu povo, o Senhor caminha, abrindo caminho em meio a esse quadro caótico, anunciando a presença do seu Reino entre os homens.
Em alguma empreitada humana, de difícil realização, se temos ao nosso lado alguém forte, readquirimos a esperança perdida, redobramos o nosso ânimo abatido, é isso exatamente que acontece na vida do cristão. Mas qual seria o sinal de que o Senhor está conosco, e de que chegaremos vitoriosos ao final da nossa jornada? Exatamente a mudança nas relações, pautando-as pela justiça, lealdade, autenticidade, fraternidade e paz, isso não compete aos poderosos do mundo, mas a cada cristão em particular... Agindo assim, estaremos sinalizando a presença do Senhor entre nós, e ao mesmo tempo contribuindo para que, aos poucos, o reino de Deus, a quem servimos, torne-se visível e presente cada vez mais em nosso meio. Mas se a nossa atitude ainda não é essa, na relação principalmente na comunidade, então, em nossas celebrações falamos uma grande mentira quando respondemos ao Presidente da celebração, que “o Senhor está no meio de nós....”porque nossas comunidades devem ser, por excelência o lugar da alegria, que vem do amor e da comunhão vivida entre os irmãos e irmãs; (III Domingo do Advento Lucas 3,10 – 18 )
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