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28.10.2012 30º Domingo do Tempo Comum — "Ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho" __
22-10-2012 14:44Chegamos ao último final de semana do mês de outubro, em que a Igreja nos propõe um reflexão maior e mais profunda sobre nossa tarefa missionária. Celebramos, neste domingo, o Mistério da Salvação divina, marcados pela luz de Cristo e pela esperança de caminhar na direção de uma cidade nova. A liturgia torna-se profética nessa celebração porque abre nossos olhos e nos coloca na estrada de Jesus. Neste domingo, em alguns municípios, realiza-se o segundo turno das eleições. A política sempre é um desafio para a evangelização, pois esta deve se traduzir em valores que nascem da vivência da fé em comunidade. Celebremos, hoje, em comunhão com a juventude, em sua jornada em busca de uma vida plena de sentido.
Jesus Cristo, salvador, destruiu o mal e a morte; fez brilhar, pelo Evangelho, a luz e a vida imperecíveis (2Tm 1,10).
EVANGELHO (Marcos 10,46-52)
Naquele tempo, 10 46 Jesus e seus discípulos chegaram a Jericó. Ao sair dali Jesus, seus discípulos e numerosa multidão, estava sentado à beira do caminho, mendigando, Bartimeu, que era cego, filho de Timeu.
47 Sabendo que era Jesus de Nazaré, começou a gritar: "Jesus, filho de Davi, em compaixão de mim!"
48 Muitos o repreendiam, para que se calasse, mas ele gritava ainda mais alto: "Filho de Davi, tem compaixão de mim!"
49 Jesus parou e disse: "Chamai-o" Chamaram o cego, dizendo-lhe: "Coragem! Levanta-te, ele te chama."
50 Lançando fora a capa, o cego ergueu-se dum salto e foi ter com ele.
51 Jesus, tomando a palavra, perguntou-lhe: "Que queres que te faça?" "Rabôni", respondeu-lhe o cego, "que eu veja!"
52 Jesus disse-lhe: "Vai, a tua fé te salvou." No mesmo instante, ele recuperou a vista e foi seguindo Jesus pelo caminho.
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SENTADO À BEIRA DO CAMINHO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Há uma canção de Roberto e Erasmo Carlos, que eu vivia cantarolando nos meus tempos de jovem, quando tomado por alguma tristeza ou decepção, o poeta compositor da letra, fala de alguém, que por conta de uma decepção amorosa, desistiu de viver e ficou sentado á beira do caminho, onde até a poeira é triste. A dinâmica da vida nos impele a caminhar, quem não se deixa contagiar por esse dinamismo, acaba ficando fora do processo, a letra da canção mostra bem esse sentimento de que não existimos, quando a pessoa a quem amamos permanece indiferente "Preciso lembrar que eu existo....". Quem é esse cego Bartimeu, mendigando amor á beira de um caminho, senão o próprio homem, que não conhecendo a Deus revelado em Jesus, lhe permanece indiferente? A pós modernidade oferece ao homem Muitas "luzes" na ciência, na tecnologia, no avanço das pesquisas, acontece que o ser humano, apropriando-se desses bens, que são dons de Deus, julga ver tudo, compreender tudo, e sentindo-se Senhor absoluto da situação, pensa e faz o que quer, usa sua liberdade da pior maneira possível e fazendo coro ao racionalismo dos intelectuais, decreta a morte de Deus. Entretanto, um belo dia este homem prepotente e arrogante, irá descobrir-se como este cego de Jericó. Tem tudo mas não tem a graça de Deus, que Jesus trouxe com a Salvação. Nesse sentido não se conhece, porque não conhece a Jesus, é cego, porque não viu em sua vida a luz da verdade, está a margem da verdadeira vida, é um milionário mendigando um pouco de amor áquele que é amor.
Em um coração e uma alma, ferida pela descrença, agonizante de vida e esperança, é que sai esse grito de Bartimeu, ao saber que Jesus de Nazaré passava por ali, bem ao lado de onde ele expunha aos que passavam, a sua miséria vergonhosa. "Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!". Foi assim que Jesus, o Verbo Encarnado de Deus, encontrou o homem, morto pelo pecado, andarilho e mendigo á beira da estrada da Vida, sem forças para caminhar, em sua cegueira tenebrosa. No canto da Verônica, no caminho do calvário, inverte-se esse quadro e Jesus ocupa o lugar que é do homem "Oh Vós todos que passais, vinde ver se há uma dor igual a minha..."
Na verdade é a humanidade toda que estava á beira do caminho, sucumbida em sua miséria, quem passa é Jesus, que não fica indiferente as nossas chagas e feridas, como o Sacerdote e o Levita, na parábola do Bom Samaritano, que ouviu por certo os gemidos daquele homem caído á beira do caminho, Jesus também ouviu nossos lamentos e queixumes, o grito desesperado de quem perdeu quase toda a esperança, "Senhor, Tende compaixão".
Sempre haverá vozes contrárias, tentando abafar esse grito de quem já não encontra mais razão para viver, há aqueles que como esse grupo numeroso que segue a Jesus, querem dele se apossar, fecham o anúncio e a graça em suas "Igrejinhas particulares", idealizam um Jesus exclusivo que só atende a eles, os santos, justos e perfeitos, é o grito dos casais em segunda união, talvez, é o grito de tantas jovens mães solteiras, de drogados e prostituídos, de pessoas rotuladas como irrecuperáveis, banidos de nossas relações, explorados pelo sistema pecaminoso, e oprimidos muitas vezes pelo próprio poder religioso, de tantas igrejas que se intitulam de "Cristãs".
O grito de desespero não passa despercebido por Jesus, quando o seu povo gemia sob o chicote dos Faraós do Egito, Deus ouviu, viu e desceu para libertá-los. A Igreja de Cristo não pode tapar os ouvidos diante de tantos que gritam, as vezes dentro da própria comunidade, a Igreja de Cristo não pode abafar o clamor dos pequenos que perderam a esperança e a ela recorrer, deve ser aquela que chama o cego, o acolhe em seu meio, coloca as pastorais a disposição para lhe curar as feridas, e mais ainda, o encoraja a fazer esse encontro pessoal com aquele que é a Vida, a Verdade, o caminho . Coragem! Levanta-te, Ele te chama! Jesus chama esse homem cego, morto, como um dia chamou a Lázaro, inerte no fundo de uma sepultura. O chamado de Jesus é para a Vida, para desencostarmos do barranco do comodismo, e de olhos bem abertos, na visão da Fé, abraçar o discipulado com coragem e desprendimento.
Impressionante a reação do cego, ao saber que Jesus o chamava, sentiu-se importante, deu um salto e foi ter com ele, jogando a capa de lado. Era a única coisa que possuía, mas despojou-se dela ao conhecer Jesus, ao descobrir-se amado e querido por Deus, ao sentir que todo esse amor está presente em Jesus, redobra a força e a coragem, descobre a nova razão de viver, por isso consegue "pular" do seu canto, Jesus é o seu protetor, o seu amor o envolverá totalmente, não precisa mais de nenhuma outra capa.
O seu desejo de VER, manifestado com simplicidade diante de Jesus, foi atendido, "Vai, a tua fé te salvou" – lhe dirá o Senhor. Ir para onde? Para o caminho do discipulado. Salvos pela fé, todos os que fizeram e fazem, essa experiência de ter uma nova visão, no encontro pessoal com Jesus, tornam-se seus discípulos, ontem e hoje, e todos juntos, enquanto Igreja, deixam-se conduzir pelo dinamismo desta vida nova, percorrendo as estradas do mundo, para encorajar os que estão á margem, e chamá-los para se encontrarem também eles com Jesus, a Luz Verdadeira, diante da qual as trevas não resistem.... (XXX Domingo do Tempo Comum Mc 10, 46-52)
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