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25º Domingo do Tempo Comum —TEMPO DE AMAR E LER A BÍBLIA __ "Acolhimento: condição para servir" _

17-09-2012 14:03

No próximo domingo celebramos o "Dia Nacional da Bíblia". Por isso, queremos, mais uma vez, despertar a comunidade para o conhecimento e o amor à Palavra de Deus, revelada nas Sagradas Escrituras. Elas nos dão conta daquilo que Jesus fala aos discípulos: "O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão. Mas, três dias após sua morte, ele ressuscitará". A fé no Ressuscitado leva-nos a colocar nossas vidas a serviço dos irmãos e irmãs, sobretudo, dos mais necessitados. Cantando, iniciemos nossa celebração.

A primeira leitura trata do drama do justo odiado e cercado de morte pelos ímpios e malvados. Mas ele se considera seguro sob a proteção da mão de Deus. Seus perseguidores zombam dele e querem colocá-lo à prova. No Evangelho, Jesus revela que é ele o justo perseguido, revela também que irá morrer mas que, ao terceiro dia, irá ressuscitar. Ensina que no Reino dos Céus é fácil ocupar o primeiro lugar, basta que aqui, na terra, a gente se coloque em último lugar, servindo a todos, assim como ele mesmo fez, a ponto de dar a própria vida para salvar até quem o estava torturando.

Pelo Evangelho o Pai nos chamou, a fim de alcançarmos a glória de nosso Senhor Jesus Cristo (2Ts 2,14).


EVANGELHO (Marcos 9,30-37)

9 30 Tendo partido dali, Jesus e seus discípulos atravessaram a Galiléia. Não queria, porém, que ninguém o soubesse.
31 E ensinava os seus discípulos: "O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, e matá-lo-ão; e ressuscitará três dias depois de sua morte".
32 Mas não entendiam estas palavras; e tinham medo de lho perguntar.
33 Em seguida, voltaram para Cafarnaum. Quando já estava em casa, Jesus perguntou-lhes: "De que faláveis pelo caminho?"
34 Mas eles calaram-se, porque pelo caminho haviam discutido entre si qual deles seria o maior.
35 Sentando-se, chamou os Doze e disse-lhes: "Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos".
36 E tomando um menino, colocou-o no meio deles; abraçou-o e disse-lhes:
37 "Todo o que recebe um destes meninos em meu nome, a mim é que recebe; e todo o que recebe a mim, não me recebe, mas aquele que me enviou".

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SERVIR E ACOLHER
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP

No mundo de hoje são servidas e acolhidas apenas as pessoas muito importantes, que detêm algum poder no âmbito social, econômico – político, e até religioso. Jesus inverte este quadro quando coloca no meio dos seus discípulos uma criança que é por ele acolhida e abraçada, para exemplificar o ensinamento de que “quem quiser ser o primeiro, que seja o último e o servo de todos”.
Essa lição, precedida de um exemplo, foi necessária porque os discípulos não compreendem o ensinamento da lógica do Reino, que se fundamenta em uma relação diferente das demais e pelo caminho se questionam quem será entre eles o maior, pensando em uma relação a partir do poder e domínio sobre o grupo.

Podemos nos relacionar com as pessoas segundo a lei, as normas ou o formalismo, tratando-as como cada uma merece ser tratada, mas não é este o modo do justo se relacionar, porque ele pauta suas relações a partir da justiça de Deus, que nunca nos tratou segundo nossas faltas, pois a sua misericórdia e o seu amor são sempre sem medida.

Essa relação justa que sempre compreende e aceita o outro em suas necessidades, desmascara o amor da mediocridade, que não é gratuito e nem incondicional, põe em evidência a frieza das relações formais, marcadas pela aparência e farisaísmo. É um modo de viver que acaba pondo a descoberto toda a maldade que o ímpio traz escondido dentro de si “Eis que este menino foi posto para se revelar os pensamentos íntimos de muitos corações” – dirá o velho Simeão aos pais de Jesus, na apresentação no templo.

Por isso vemos, na primeira leitura, que a presença do justo incomoda porque o seu modo de viver e de se relacionar com as pessoas não segue os padrões normais estabelecidos pelo interesse e conveniência, mas sim segundo a Justiça de Deus. O justo não precisa de nenhuma garantia prévia para agir assim, ele confia totalmente em Deus, que o libertará das mãos dos seus inimigos. Enquanto os homens constroem seus projetos a partir da firmeza das relações com os outros, o justo só precisa e tem necessidade de uma coisa: Deus!

O tema do sofrimento, no segundo anúncio da paixão nos introduz no evangelho desse domingo onde os discípulos não compreendem e têm medo de perguntar.

Jesus, o Mestre de Israel, só fez o bem a todos que o buscaram. Os discípulos esperam talvez por um reconhecimento público o que poderia então dar início a uma “virada” na história. Mas as palavras de Jesus causam um certo desconforto e mal estar entre eles.
A Fé coerente com o evangelho, diante da qual precisamos mudar nossa mentalidade e nosso agir, não é de fácil compreensão. Temos medo de pensar no sofrimento e no transtorno que isso nos irá trazer. Podemos ser alvo de perseguições e incompreensões. A conversão não é um bom negócio para quem colocou sua expectativa de felicidade nos valores do mundo, na fama, no prestígio e no poder.

No tempo de Jesus crianças e mulheres nem eram contados no censo, e ao abraçar uma criança, Jesus está mostrando que os pequenos e sem valor, sem vez e nem voz, são os mais importantes diante de Deus, invertendo a ordem estabelecida, pois estes que nunca são lembrados, que nunca são servidos e acolhidos, são sempre os primeiros no Reino de Deus e quem quiser ser discípulo fiel do Senhor deverá adotar a linha do serviço aos pequenos, para que o seu seguimento seja autêntico.

Para isso temos de contar com a sabedoria que vem de cima que é pura, pacífica, condescendente, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade ou fingimento, como nos ensina Tiago na segunda leitura. Que a nossa Igreja – Assembléia dos que crêem – seja para toda essa massa de excluídos de nossa sociedade, uma porta aberta para acolher e os servir. Assim seja!

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