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11.11.2012 32º Domingo do Tempo Comum - "O que você está oferecendo a Deus? As sobras ou a vida?" __
05-11-2012 14:56Hoje é o Dia Nacional da Juventude. O Evangelho nos ensina que a Deus devemos dar tudo, não importa o que isso signifique em termos de quantidade, pois os critérios divinos não são como os critérios humanos. Na liturgia entreguemos a Deus nosso coração para melhor entregar-lhe a vida em nossa ação cotidiana. Rezemos para que os jovens abram o coração aos apelos da fé e, como os primeiros apóstolos, se engajem na aventura de crer sem medo de deixar para trás todos os apegos humanos.
Felizes os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus (Mt 5,3).
EVANGELHO (Marcos 12,38-44)
Naquele tempo, 12 38 disse Jesus: "Guardai-vos dos escribas que gostam de andar com roupas compridas, de ser cumprimentados nas praças públicas
39 e de sentar-se nas primeiras cadeiras nas sinagogas e nos primeiros lugares nos banquetes.
40 Eles devoram os bens das viúvas e dão aparência de longas orações. Estes terão um juízo mais rigoroso".
41 Jesus sentou-se defronte do cofre de esmola e observava como o povo deitava dinheiro nele; muitos ricos depositavam grandes quantias.
42 Chegando uma pobre viúva, lançou duas pequenas moedas, no valor de apenas um quadrante.
43 E ele chamou os seus discípulos e disse-lhes: "Em verdade vos digo: esta pobre viúva deitou mais do que todos os que lançaram no cofre,
44 porque todos deitaram do que tinham em abundância; esta, porém, pôs, da sua indigência, tudo o que tinha para o seu sustento".
QUEM NADA TINHA, DEU TUDO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Li umas várias vezes o evangelho desse domingo, e em pensamento queixei-me com o seu autor, o Evangelista São Marcos, pois á primeira impressão que se tem, é que Jesus estava falando de um assunto, no caso, da ostentação dos escribas, e de repente mudou, como se diz “de saco prá mala”, abordando a oferta da viúva pobre. Parece que encerrou uma conversa e iniciou outra, assim, a abordagem fica meio complicada.
Achei melhor pedir socorro á primeira leitura, que compõe a liturgia e que não está ali só de enfeite: Na casa de uma viúva pobre, o profeta Elias, primeiro pede-lhe água para beber, depois, o profeta meio folgado pediu também um pedaço de pão, o que colocou a pobre mulher em pânico, pois o restinho de farinha que possuía, só dava para fazer um pãozinho que seria a última refeição para ela e o filho.
Aqui dá para perceber algo em comum entre essas duas viúvas, as duas moedinhas de cinco centavos, e o punhadinho de farinha, que sobrou no fundo da despensa, era tudo o que as duas tinham. Como dar para alguém algo que é essencial para nós? Tirar da própria boca para sustentar o outro, não é arriscar passar fome por causa daquilo que se deu? Há uma perda material, isso é indiscutível, entretanto o Profeta garante que aquela pobre viúva não ficará desassistida, não lhe faltará aquilo que é essencial para a sobrevivência, a farinha e o óleo, até o dia em que Deus mandar a chuva, que fertilizará a terra, acabando com a miséria daquela região. O amor ágape é sempre um mistério, quanto mais se ama e se doa, mais se tem! Aqui começa a ganhar corpo uma idéia bonita, a do amor que se doa por inteiro, que não dá ao outro as migalhas, ou o que está sobrando e não vai lhe fazer falta.
O amor verdadeiro nos faz perder algo, pelo menos na lógica humana, isso é mesmo uma grande verdade, quem se dedica a um enfermo dia e noite, cuidando dele com paciência e carinho, quem se dedica aos filhos, ou ao esposo ou a esposa, com igual dedicação, Quem se dedica aos trabalhos da igreja, ou a família, se o fizer de forma autêntica, estará perdendo algo precioso: o seu tempo, por exemplo, que poderia ser melhor aproveitado, quem sabe, dedicando-se ao lazer, a algum negócio rendoso, esse tempo que foi dedicado a alguém em especial, ou á comunidade, não voltará jamais, ficou perdido. Parece que amar é perder sempre algo que nos é essencial.
Deus não nos deu o que lhe sobrava, e que não ia lhe fazer falta, mas o que tinha de mais precioso e valioso, seu amado Filho Jesus, que por sua vez, vivendo a fidelidade da missão, chegou à encruzilhada Getesâmani, “Beber o cálice de amargura, que significaria abrir mão de sua vida, pela salvação de todos, ou encontrar outra forma de amar, que não significasse uma perda total”. Afastar-se do cálice ou aceitá-lo? Sendo Deus, só podia mesmo nos amar com o amor de Deus, que olha a miséria humana com misericórdia e compaixão, e entrega a sua vida, na juventude dos 33 anos, com um amor sem limites. Aceita o sacrifício vicário, morrer em lugar de todos, para que todos pudessem se salvar. Ele não poderia morrer somente para os bons, os que fossem corresponder ao seu grande amor, ontem, hoje e no futuro, mas sua morte resgatou, e continuará a resgatar muitos ímpios.
E com a ajuda preciosa das duas primeiras leituras, agora sim, dá para entender o porquê do seu elogio aquela pobre viúva, ele não olhou para o valor que estava sendo ofertado, mas sim para a disposição interior daquela mulher que com certeza pensava “Ao meu Deus, que me deu tudo, também ofereço este pouco, que é meu tudo”. Pelo que diz o santo evangelho, os escribas gostavam de ser notados, por tudo o que faziam, impondo admiração e respeito, conquistando assim os lugares de maior importância. Aparentemente estavam se doando a Deus e aos irmãos, mas na verdade, cobravam, pela sua doação, um alto preço, o prestígio, a fama, o poder e o domínio sobre os demais. Mas havia também nas comunidades de Marcos, como há nas nossas, uma gente que se doa totalmente, e nem aparece, são discretos no servir, dão o melhor de si, talvez não exerçam um trabalho importante, mas tem no coração o carisma do amor sem medidas e sem reservas, que se doa com humildade e alegria. Uma gente que espalha alegria e o doce perfume de Cristo por onde anda.
Não nos deixemos enganar pelo falso brilho dos escribas, o poder e o brilho que ostentam, é efêmero! Busquemos no anonimato da assembléia, aqueles e aquelas que refletem no rosto o Cristo Servidor, são esses que fazem a nossa Igreja caminhar, e que a sustenta com uma oração sincera e um coração repleto de amor a Cristo e aos irmãos. ...(32º. Domingo do Tempo Comum – Mc 12, 38-44)
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