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09.09.2012 23º Domingo do Tempo Comum —TEMPO DE AMAR E LER A BÍBLIA - SETEMBRO: MÊS DA BÍBLIA __ "O mundo está ficando surdo; precisa de profetas da esperança" __

03-09-2012 12:34

Neste segundo domingo do mês da Bíblia, a Liturgia nos ensina que o nosso Deus é Deus de todos, mas tem atenção especial para com aqueles que mais sofrem. Ele está ao lado dos doentes e marginalizados. Ele é força para os que têm defeitos físicos e por isso mesmo se sentem menos dignos. Parece que nos momentos tristes ele está longe, mas é aí que ele se coloca mais perto. Na primeira leitura, o profeta Isaías consola os corações perturbados, garantindo que Deus virá para fazer justiça, virá para castigar e premiar. Quando o Messias chegar, diz o profeta, os coxos vão andar, os cegos vão ver, os mudos falar e os surdos ouvir. No Evangelho, Jesus prova que o Reino de Deus já chegou. O surdo-mudo é curado, confirmando as palavras de Isaías. As leituras bíblicas de hoje mostram a preferência de Deus pelos pobres, os marginalizados e os enfermos. Na cura do surdo-mudo por Jesus começa a se realizar a esperança messiânica dos pobres tal como o anunciava oito séculos antes de Cristo o profeta Isaías. Rezemos para que tenhamos ouvidos para ouvir a Palavra de Deus e língua para anunciá-la por todos os cantos.

Jesus Cristo pregava o Evangelho, a boa nova do reino, e curava seu povo doente de todos os males, sua gente! (Mt 4,23).


EVANGELHO (Marcos 7,31-37

Naquele tempo, 7 31 Jesus deixou de novo as fronteiras de Tiro e foi por Sidônia ao mar da Galiléia, no meio do território da Decápole.
32 Ora, apresentaram-lhe um surdo-mudo, rogando-lhe que lhe impusesse a mão.
33 Jesus tomou-o à parte dentre o povo, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e tocou-lhe a língua com saliva.
34 E levantou os olhos ao céu, deu um suspiro e disse-lhe: "Éfeta!", que quer dizer "abre-te!"
35 No mesmo instante os ouvidos se lhe abriram, a prisão da língua se lhe desfez e ele falava perfeitamente.
36 Proibiu-lhes que o dissessem a alguém. Mas quanto mais lhes proibia, tanto mais o publicavam.
37 E tanto mais se admiravam, dizendo: "Ele fez bem todas as coisas. Fez ouvir os surdos e falar os mudos!"

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A surdez do coração
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP

Essa surdez e mudez que hoje refletimos neste evangelho, têm um significado bem mais profundo do que a cura física. Não se trata simplesmente do ouvir com os ouvidos e falar com a boca, a surdez e a mudez abordada pelo evangelista Marcos, localiza-se no coração do ser humano.

Há pessoas muito faladeiras, que contam mil e uma vantagens, ou então que perdem um tempo precioso falando mal da vida do próximo, ou conversas fúteis da qual nada se aproveita, assim como o saber ouvir é uma arte. Aqui a questão do ouvir não se trata apenas de escutar vozes das pessoas falando, ou ruídos. A deficiência auditiva desse homem da comunidade Marcos vai, além disso, seu coração está fechado para Deus e as pessoas e por isso tem o coração assim tão vazio de Deus, não tendo, portanto nada a anunciar, sua vida fechada e isolada em si mesmo é uma fonte de amargura e azedume.

No antigo testamento a principal queixa de Deus durante a travessia do povo pelo deserto, é de que: o povo tinha fechado o coração e não mais o ouvia, escutavam, mas não o ouviam. Na comunidade de Marcos e também nas nossas há pessoas assim... Essa surdez e mudez são causadas pela arrogância e prepotência dos que não crêem em Deus e preferem dar ouvidos somente as vozes da razão.

Conviver e relacionar-se com alguém assim, é difícil e complicadíssimo, a comunidade não sabe mais o que fazer e rogam a Jesus para que imponha as mãos sobre aquele homem. A experiência que fazemos de Jesus é algo muito pessoal, por isso ele toma o homem surdo-mudo e o leva á um lugar á parte. O mundo da pós-modernidade está repleto de rituais e de vozes que só alienam e escravizam o homem. No dia do Senhor que é o domingo, a comunidade dos que crêem, se afastam do burburinho do quotidiano, e na comunidade se reúnem a outros que querem e precisam ficar a sós com o Senhor.

As palavras de Jesus e seus gestos no ritual da cura do surdo mudo, lembram o rito batismal quando a graça de Deus abre o nosso coração para que Deus possa entrar e fazer morada. Nas celebrações eucarísticas ou mesmo da Santa Palavra, presidida por um Ministro Leigo ou um Diácono, esse ritual se repete, somos tocados pela Palavra, a força do Espírito Santo a leva para dentro de nós, no mais íntimo do nosso ser, transformando aos poucos a nossa vida, a cura da surdez e mudez não é imediata, mas ocorre em um processo que é dinâmico, vamos ouvindo, nos libertando e anunciando, sempre que experimentamos o Senhor.

Comunidade é, portanto o lugar onde todos se preocupam para que cada um se abra cada vez mais á essa Palavra, as nossas orações e cantos nada mais são do que uma súplica para que o Senhor estenda sobre nós suas mãos, abrindo cada vez mais o nosso coração para a sua graça que nos santifica, nos renova e nos liberta. Agora já dá para sabermos quem é esse surdo-mudo que saiu da celebração anunciando com alegria as maravilhas de Deus!

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