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03.02.2013 4º Domingo do Tempo comum "O Profeta não é agradável. Somos uma comunidade de Profetas!
28-01-2013 15:00Com alegria nos reunimos para a celebração da eucaristia, que nos torna comunidade profética a serviço da libertação dos pobres. Dificilmente os profetas são bem vistos e aceitos. O verdadeiro profeta deve contar com as rejeições e a perseguição, pois sua mensagem exige conversão. O melhor caminho para profetizar, ou seja, testemunhar e revelar o próprio Deus presente e atuante no mundo é, sem dúvida, a caridade. Pela prática da caridade manifesta-se a presença de Deus no cristão. A caridade é, portanto, expressão da bondade, reflexo do próprio Deus. Hoje também fazemos memória da apresentação do Senhor. A apresentação de Jesus no templo, quarenta dias após seu nascimento, expressa sua total entrega a Deus. O gesto de Maria e José se repete a cada eucaristia que celebramos.
Foi o Senhor quem me mandou boas notícias anunciar; ao pobre, a quem está no cativeiro, libertação eu vou proclamar! (Lc 4,18)
EVANGELHO (Lucas 4,21-30)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 4 21 Jesus estava na sinagoga e começou a dizer-lhes: "Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir".
22 Todos lhe davam testemunho e se admiravam das palavras de graça, que procediam da sua boca, e diziam: "Não é este o filho de José?"
23 Então lhes disse: "Sem dúvida me citareis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; todas as maravilhas que fizeste em Cafarnaum, segundo ouvimos dizer, faze-o também aqui na tua pátria".
24 E acrescentou: "Em verdade vos digo: nenhum profeta é bem aceito na sua pátria.
25 Em verdade vos digo: muitas viúvas havia em Israel, no tempo de Elias, quando se fechou o céu por três anos e meio e houve grande fome por toda a terra;
26 mas a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na Sidônia.
27 Igualmente havia muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu; mas nenhum deles foi limpo, senão o sírio Naamã".
28 A estas palavras, encheram-se todos de cólera na sinagoga.
29 Levantaram-se e lançaram-no fora da cidade; e conduziram-no até o alto do monte sobre o qual estava construída a sua cidade, e queriam precipitá-lo dali abaixo.
30 Ele, porém, passou por entre eles e retirou-se.
Ser Profeta
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Um dia alguém me disse em brincadeira, que ser profeta é “Ser do Contra”. O profetismo no contexto bíblico nunca poderá ser confundido com extremismo radical, nem com alguma ideologia de ordem social ou política, pois a pessoa do profeta não está comprometida com nenhuma instituição humana, nem mesmo a religiosa, pois os laços de uma Fé encarnada na história, o prendem ao Deus vivo que vai se revelando na Verdade.
O Sacramento do santo Batismo nos reveste da missão profética ao fazer-nos membros de uma Igreja comprometida com o anúncio daquilo que é verdadeiro: o evangelho de Cristo na sua essência, sem adaptações ou fundamentalismo. O profeta não fala em nome próprio porque não é o dono da palavra, mas apenas servo.
A iniciativa é sempre de Deus, pois como Jeremias, somos conhecidos, consagrados e escolhidos ainda no ventre materno e temos na graça de Deus toda a força e a coragem para cumprir sem medo a missão. O profeta é do contra sim, quando as idéias e as atitudes não conferem com a vontade de Deus porque ferem a vida, liberdade e a dignidade do homem. Trata-se de um anúncio e uma denúncia, não feita com radicalismo, amargor, mas com firmeza.
Jesus é por excelência o Profeta do Pai, não só fala em nome de Deus, mas ele é o próprio Deus. A sabedoria do seu ensinamento causa admiração e encanta as multidões por onde passa, inclusive à sua comunidade em Nazaré, onde ele se revela como ungido de Deus, revestido de uma missão. Mas os seus conterrâneos, em vez de se encherem de alegria ao perceberem em Jesus a presença de Deus, ao contrário, começam a levantar suspeita e desconfiança sobre a sua pessoa, pois fechados em seus estreitos horizontes, achavam impossível Deus Altíssimo agir em Jesus de Nazaré, filho de Maria e José, carpinteiro de profissão, pessoa simples ali da terra.
Hoje em dia também é difícil uma pessoa simples de origem humilde mostrar o seu valor, pois em uma sociedade tão competitiva, ás vezes somente os letrados e diplomados conseguem ter suas idéias aceitas. Em nossas comunidades cristãs muitas vezes e infelizmente cometemos esse mesmo pecado quando valorizamos mais o ministro do que a própria Palavra. O ministério ordenado, bem como todos os outros ministérios da nossa igreja, antes de tudo estão a serviço do povo de Deus, mas às vezes a próopria comunidade se prende excessivamente ao formalismo e à instituição dando crédito apenas à palavra de alguém revestido de autoridade. Quantas vezes presenciei pessoas que voltaram para suas casas da porta da igreja, ao tomarem conhecimento de que a celebração seria presidida por um ministro leigo...
Foi mais ou menos isso que aconteceu com Jesus na sinagoga de Nazaré, ele falava com grande sabedoria, porém era um leigo, não pertencia a elite dos escribas ou a classe sacerdotal, ou ao seleto grupo dos Doutores da Lei. Apegados ás tradições e ao formalismo religioso, os conterrâneos de Jesus não conseguem vislumbrar nele algo de novo e o rejeitam simplesmente porque ele não se enquadra nos padrões religiosos pré determinados e nem realiza sinais prodigiosos.
A Salvação trazida pela graça de Deus, só produz o seu efeito quando encontra receptividade e abertura no coração do homem independente da sua raça, ideologia, condição social ou até mesmo credo religioso. Pois ao tomarem conhecimento desta verdade através de Jesus, que citou o exemplo da viúva de Sarepta, e de Naamã, o sírio, beneficiados pela ação profética de Elias e Eliseu, respectivamente, os conterrâneos de Jesus, tomados pela fúria, o expulsaram da comunidade e tentaram matá-lo. Somente uma fé madura e um coração totalmente aberto à graça de Deus, poderá nos levar à compreensão de que a Salvação que Jesus oferece é para todos os homens.
Pensar diferente disso é menosprezar a caridade, a maior de todas as virtudes, é querer caminhar sozinho, adentrando no atalho da mediocridade e da hipocrisia.
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